Entre os dias 7 e 10 de abril, o auditório da SEAERJ, na Glória, recebeu o Seminário do Diagnóstico do Plano Municipal de Habitação de Interesse Social (PMHIS-Rio 2025). Organizado pela Secretaria Municipal de Habitação (SMH), o evento reuniu representantes do poder público, movimentos populares e sociedade civil para debater o futuro da política habitacional no Rio de Janeiro.
Com o objetivo de fortalecer a construção coletiva do plano, o seminário promoveu a criação de grupos de trabalho compostos por representantes governamentais e da sociedade civil. As atividades se dividiram em oito mesas temáticas, abordando questões como regularização fundiária, drenagem, urbanização de favelas, financiamento e redução de riscos.
O Instituto Raízes em Movimento, com sede no Complexo do Alemão, teve participação ativa nos debates. No terceiro dia do evento (09/04), o coordenador-geral da organização, Alan Brum, representou o instituto na mesa 5 – Plano de Redução de Riscos, mediada por Adriana Lima, assessora da subsecretária da SMH.
Alan levou para o centro da discussão a voz dos territórios populares, destacando a importância dos saberes locais nos processos de planejamento urbano. Para ele, os moradores das favelas acumulam um conhecimento fundamental sobre os riscos que enfrentam diariamente e as formas de resistir e proteger seus territórios — saberes que, muitas vezes, são invisibilizados por políticas construídas de forma verticalizada.
> “O risco não é apenas ambiental. É também político, quando o Estado nega direitos básicos; é social, quando não há acesso à moradia digna; e é histórico, quando a cidade ignora a contribuição das favelas para sua construção e identidade”, pontuou Alan.
Na mesma fala, Alan destacou o protagonismo do Raízes em Movimento na construção de propostas para a urbanização do Complexo do Alemão, que culminaram na contemplação do território no novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). O Instituto esteve presente nas articulações com o poder público e organizações locais para garantir que as demandas do território fossem ouvidas e respeitadas.
> “Esperamos que o PAC seja executado de maneira inovadora, com o mesmo protagonismo local que marcou sua construção junto ao governo municipal. O Complexo do Alemão aguarda, com esperança, uma urbanização verde, com participação real da comunidade e que transforme efetivamente a qualidade de vida das pessoas”, afirmou.
Também presente na mesa, o engenheiro civil Marcos Barreto Mendonça, da*COPPE/UFRJ*, apresentou análises sobre áreas de risco e deslizamentos, abordando a vulnerabilidade das famílias que vivem em territórios ocupados e a importância de sistemas de alerta precoce em contextos de emergência ambiental.
O seminário reforçou a urgência de construir políticas habitacionais a partir dos territórios e com a escuta ativa das populações que historicamente movem e sustentam a cidade. Para o Instituto Raízes em Movimento, a urbanização de favelas precisa ser pensada com e para quem vive nesses espaços — reconhecendo sua potência, resistência e protagonismo.








Favela Viva!
Autor

Co-fundador do Instituto Raízes em Movimento, coordenador de comunicação institucional