GUERRAS DIÁRIAS QUE ASSOMBRAM AS FAVELAS

Hoje foi um dia importante para o Estado do Rio de Janeiro, pois finalmente ocorreu, no STF – Supremo Tribunal Federal -, o julgamento da ADPF 635 – lei que, “nas circunstâncias atuais, representa não uma tentativa de frear a segurança pública do governo de Cláudio Castro, especificamente, mas sim frear a política pública que, historicamente é a mais efetiva no RJ e em todas as periferias do país: a de matar pessoas negras.” Ainda assim, é necessária uma reflexão profunda sobre como o Estado destrata as favelas na sua essência.

A violência praticada pelo poder público nas favelas é maior do que simplesmente a narrativa simplista da “guerra ao tráfico” que o Estado tenta impor como razão, ou até mesmo aquela que convivemos no sensacionalismo midiático. Embora as operações policiais, frequentemente marcadas por truculência e violações de direitos humanos, sejam uma face visível dessa violência, elas representam apenas a ponta do iceberg que desvia a atenção do todo. A realidade é que o Estado exerce uma violência cotidiana sobre esses territórios, manifesta não apenas na ação direta de seus agentes, mas também, e principalmente, na omissão e na ausência de políticas públicas eficazes em diversos setores. Essa negligência configura uma forma de violência estrutural, que perpetua a marginalização e a vulnerabilidade das comunidades faveladas.

Foto: Drikyz

Hoje foi um dia importante para o Estado do Rio de Janeiro, pois finalmente ocorreu, no STF – Supremo Tribunal Federal -, o julgamento da ADPF 635 – lei que, “nas circunstâncias atuais, representa não uma tentativa de frear a segurança pública do governo de Cláudio Castro, especificamente, mas sim frear a política pública que, historicamente é a mais efetiva no RJ e em todas as periferias do país: a de matar pessoas negras.” Ainda assim, é necessária uma reflexão profunda sobre como o Estado destrata as favelas na sua essência. 

A violência praticada pelo poder público nas favelas é maior do que simplesmente a narrativa simplista da “guerra ao tráfico” que o Estado tenta impor como razão, ou até mesmo aquela que convivemos no sensacionalismo midiático. Embora as operações policiais, frequentemente marcadas por truculência e violações de direitos humanos, sejam uma face visível dessa violência, elas representam apenas a ponta do iceberg que desvia a atenção do todo. A realidade é que o Estado exerce uma violência cotidiana sobre esses territórios, manifesta não apenas na ação direta de seus agentes, mas também, e principalmente, na omissão e na ausência de políticas públicas eficazes em diversos setores. Essa negligência configura uma forma de violência estrutural, que perpetua a marginalização e a vulnerabilidade das comunidades faveladas.

É dia a dia enfrentando as guerras. As violências do Estado nas favelas não se resumem em pontuais e ostensivos confrontos armados. Ela se manifesta de forma mais ardilosa e abrangente na ausência de políticas públicas que garantam direitos básicos e promovam a inclusão social de forma contundente. A verdadeira guerra que os moradores das favelas enfrentam diariamente é contra a negligência, o preconceito e a falta de oportunidades. Romper esse ciclo exige uma mudança profunda na postura do Estado, que deve abandonar a lógica da repressão e investir em políticas públicas que promovam a cidadania, a igualdade e o desenvolvimento social nas comunidades faveladas. Somente assim será possível construir uma sociedade mais justa e igualitária para todos.

Um outro ponto delicado, entretanto, fundamental nesse debate é algo que parece promover uma sensação de participação popular e, portanto, se tornou importante diferenciar aqueles que genuinamente lutam pelos direitos das favelas daqueles que apenas se aproveitam da situação. A verdadeira solidariedade se manifesta no apoio contínuo, na escuta atenta das demandas das comunidades, na promoção do debate sobre as diversas formas de violência e na busca por soluções concretas e duradouras. 

Foto: Drikyz

É preciso, sobretudo questionar as narrativas simplistas e sensacionalistas, buscando compreender a complexidade da realidade das favelas e, sem a necessidade de mediadores, amplificar a voz dos seus moradores, que são os verdadeiros protagonistas dessa história.

Favela Viva!

Autor

David Amen

Co-fundador do Instituto Raízes em Movimento, coordenador de comunicação institucional

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